quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Toca o telefone

Ontem, toca o telefone.

Atendo: um bonjour cheio de energias positivas cola-me imediatamente um sorriso à cara. É o Djaló. E apesar de não falarmos há apenas uma semana, é como se tivessem passado anos. Quer saber se estamos bem, como estão a correr as coisas com o livro, com as nossas vidas.

“Está tudo bem”, respondo. E entre tanta coisa que há sempre para dizer, também eu quero saber como vai a vida em Nouadhibou. Ele diz-me que está tudo igual, apesar do golpe de estado.

“Não se nota diferença nenhuma nas ruas, é uma coisa de políticos. As pessoas falam nisso porque têm medo do que possa vir a mudar, mas em termos de segurança e do dia-a-dia, está tudo igual.”

Pergunto-lhe pela namorada, por todos os amigos – tenho saudades.

“O Joaquim já chegou”, diz-me a certa altura. E passa o telefone ao algarvio.

Fez boa viagem. Sozinho, como é costume – ainda não foi desta que alguém se decidiu a aproveitar a boleia. Confirma que está tudo igual no país, “só a fronteira é que está diferente... está vazia, pá! Que maravilha, não tinha lá ninguém, passei num instante!”

E depois conta-me que encontrou no deserto dois húngaros, a acampar. Estavam a fazer Budapeste-Dakar… a pé! Não aceitaram boleia, porque ia contra o espírito da viagem, e contentaram-se com alguma água que o Joaquim lhes ofereceu.

O telefone volta para as mãos do Djaló, deste lado continuo eu. Falamos mais um pouco, já nem me lembro do quê. É tão bom ouvir vozes amigas, principalmente quando transmitem tanta paz e boas energias.

E quando finalmente nos despedimos e desligo, o sorriso mantém-se durante longos minutos.

Hoje, toca o telefone.

Atendo: um bonjour feminino, doce mas firme. É a Nancy. Já não falávamos há muito tempo. Também quer saber como corre a vida aqui, conta algumas novidades, mais uma vez tenho um sorriso estampado, é tão bom perceber que apesar da distância, as amizades sobrevivem. Lembramos o dia em que filmámos o teledisco dela, a Nancy diz estar eternamente grata. Eu não sei o que dizer, foi um filme feito num dia, podia ter feito melhor... mas podia nem me ter dado ao trabalho, é verdade.

Quando desligo, volto a Portugal - mas fica o sorriso, e volto para casa a pensar na Mauritânia.

Vá-se lá saber porquê, mas ainda não disponibilizámos o video da Nancy no blog. E não é cedo nem é tarde: é mesmo hoje, é agora. Fica aqui a música Enemy, que fala sobre as má companhias e as falsas amizades. Felizmente não foi o caso. Quanto ao teledisco propriamente dito, não posso afirmar que seja tecnicamente muito feliz. Foi feito em cima do joelho, com o computador a meio-gás... mas desculpar-me para quê... foi o que consegui fazer, e com muito gosto.

Só um pormenor, não consigo evitar: o efeito especial tipo vidro a estilhaçar-se foi um requinte a que não consegui fugir. Eu e o Carlos andávamos há algum tempo a "namorar" os telediscos africanos e fartávamo-nos de rir de cada vez que víamos esse tipo de efeitos... e quando percebi que tinha este no programa onde estava a editar... eheh. Espero que "gostem".

by Jorge

10 comentários:

Anónimo disse...

Trrimmmm Trrrimmm.... tou? era só para dizer que TÁ MUITO GIRO!!! bjinhs aos dois da Sónia

Anónimo disse...

Meus caros viajantes,

Constato que nos quatro meses de viagem que fizeram por terras de Africa, foram os mauritanos que mais vos tocou a alma.

Peço que digam porquê. Quais os encantos dessa gentes.

Um fiel e interessado seguidor dos vossos encontros.

borrachaverde disse...

uma descriçao maravilhosa.

E quanto ao teledisco.. o efeito vidro partido e as letras brilhates, tao tipicos!! que saudades de África!
É pena não dar para postar videos... tenho aqui no meu pc um tesourinho moçambicano de comer e chorar por mais!

Anónimo disse...

Muita louco, o hip hop mauitano. A miúda tem garra, hem? E é muito bonitinha --/--@

Anónimo disse...

É verdade... tem piada porque quando chegámos a Lisboa, ainda estava tudo "fresco", e não tinhamos dado por isso.

Mas à medida que vamos ganhando distância, apercebo-me que o tempo passado na Mauritânia marcou-nos muito. Fizemos amizades fortes, e logo por coincidência aconteceu uma série de coisas estes últimos dias... o golpe de estado, os telefonemas, a história da guitarra, foi tudo ao mesmo tempo.

As próximas fotos a ser postadas são as de Marrocos, que também nos marcou muito. Aliás, vamos ter de as dividir em vários posts... sempre foram mais de dois meses! Se calhar não transpareceu tanto no blog, mas continuamos em contacto com alguns amigos marroquinos, e este país foi sem dúvida outro ponto alto da aventura.

Mas sem querer "fugir com o rabo à seringa"... isso da Mauritânia ainda é para digerir e tentar perceber. Que encantos foram esses? O país tem uma aura muito diferente do habitual, um tanto ou quanto estranha. O povo não é o mais simpático, tem uma maneira muito própria de ser, um bocado arrogante... e, no entanto, eis-nos aqui a debater se foram ou não quem mais nos tocou na alma, e que encantos têm.

A ironia disto tudo é que a maioria dos amigos que fizemos na Mauritânia... nem sequer são mauritanos. Tirando o Sidi, a Nancy e outras excepções, vê bem: o Djaló é guineense, o Joaquim e o "gang" de Nouakchott são portugueses, a Astou senegalesa (tal como a namorada do Djaló e tantos outros amigos/amigas).

Voltaremos a falar disto, tenho a certeza. E espero que da próxima vez, com mais convicções do que dúvidas!

Abraço e obrigado por levantares esta questão.

Anónimo disse...

Fui eu o 95 mil!

Ass: o visitante antes conhecido como visitante nº 94007.

94000, desafio-te a ver quem é o 96!

Anónimo disse...

"Gostei"! ;p

Unknown disse...

Quero dizer que gostei do som da música... mas não entendi nada :S LOL mas pronto não interessa nada e o video está porreiro já vi BEMMMMMM PIORES e feitos por ditos profissionais da matéria :) os meus parabéns... :D

E um convite aos dois, se possível é claro visto estarem muito ocupados, no inicio de setembro entro de férias e se fosse possível marcar então o tal encontro que era para ter sido a quando do vosso regresso em que não pude ir por infelicidade, mas quero aproveitar agora a oportunidade...

Podem mandar mail a dizer qq coisa... Skymaster23@gmail.com

Anónimo disse...

Terás depois de traduzir o livro para francês, árabe e quem sabe, 'senegalês'? O ainda no vi o livro em nenhum lado, mas quando chegar a Portugal (Je suis en France) vou procurá-lo, tenho de ler, para me inspirar...

Já ouviram falar de Pékin Express? Um programa do estilo Lisboa-Dakar do do Jorge e do Carlos (do estilo "Até onde vais com 1000€?") realizado pela M6(canal Francês) e pela RTL (neste caso a RTL Belga).
Assisti sem perder um episódio a (senão me engano) terceira temporada, De Rio de Janeiro(Brasil) a Lima (Perú).
Achei extremamente interessante, sei que o ultimo se recurreu na Ásia(China,Vietname, e uns outros dois ou 3 países), como sei que voc~es se safam no francês, vos vou passar antes o site da ultima emissão: http://pekin-express.m6.fr/

Eu não assisti por falta de tempo a essa ultima... Todos os anos é num local diferente e é sempre uma surpresa, ou seja, tu nunca sabes onde será a próxima temporada.

Eu gostava de participar, e me lembrei de vocês, que adoram viajar assim como eu.

Marcelo Al

Jorge disse...

Marcelo,

o livro só está à venda em Portugal... mas recomendo! ;)

Quanto ao Pekin Express, vi uns episódios daquele que acabava em Bombaim - ADOREI. Grande programa, bem feito, com um bom ritmo.