sábado, 28 de junho de 2008

Mapa do percurso... até Dakar!



Por "2 rodas", entenda-se o percurso feito com a Penelope e a Mikelina - 2200km!



"4 rodas" sao todas as boleias, taxis, camioes - 1900km.



"Sobre carris" - para quem nao reparou, é o nosso passeio no Maior Comboio do Mundo.

sexta-feira, 27 de junho de 2008




Sada

Savannah


71 mil views? (José Fachada e Jorge a ver o blog)


Mohammedou, o braço-direito do sr. Khaled

Este belga pediu para lhe tirarmos uma foto e dar o seguinte recado: "Mãe, eu trabalho!"


Nancy, a futura popstar da Mauritania.




Jorge a filmar o primeiro teledisco da Nancy, uma musica chamada Enemy.


Nancy e o irmão na loja de costura da mãe.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

FAQ

Há 2 assuntos que tem levantado algumas questões, pelo que passamos a esclarecer:

Reparei que, na última actualização do contador dos euros, o montante diminuiu. Foi gralha? O que aconteceu?

A última actualização do dinheiro gasto pode fazer alguma confusão – pelo que passamos a explicar como é que, de repente, estamos outra vez um pouco mais longe dos 1000 euros. Não é novidade: vendemos as bicicletas. Não foi uma decisão fácil, mas o facto de estarmos outra vez mais “desafogados” justifica-a. A Etoille Lusitana ofereceu 150 euros por cada bicicleta (extras incluídos) e assim se explica a diferença de valores. Quando chegámos a Dakar, tínhamos gasto cerca de 900 euros cada um, incluindo os preparativos antes da partida. Ao transformarmos esse investimento inicial outra vez em dinheiro, os 100 euros que ainda tínhamos passaram a 250 – e o regresso a Portugal, que se adivinhava complicado dentro do budget, já não nos assusta.

Além disso, o apoio incansável da ICAR, o sr. Khaled, o Mohammedou e o José Fachada fez com que a segunda passagem na Mauritânia acontecesse quase sem gastos. Todos os transportes, refeições e estadia foram-nos oferecidos – e chegámos a Nouadhibou sem ter de trocar dinheiro. Agora estamos em casa do Djalló... e com o dinheiro que ainda temos, os últimos dias em Marrocos prometem! Com sorte, chegamos a Lisboa e ainda sobra.

Há algum tempo fizeram a contabilidade das dormidas. Seria possível repetir a brincadeira?

A semana passada completámos 4 meses em viagem – e até queríamos fazer a tal contabilidade de noites. Adiámo-la para o regresso... mas visto que há interessados, aqui vai:

Noites passadas...
Em casas de pessoas: 35
Em pensões: 30
Nas tendas: 27 (20 noites em campismo selvagem)
Em business: 21 (Tarfaya e Layounne)
Em andamento: 05 (1 no autocarro Rabat – Agadir, 2 no Maior Comboio do Mundo, 2 no Camião Mais Lento do Sahara)

Ou seja, um total de 81 noites à borla e 37 a pagar.

Regresso a Rosso II – a Vingança(zinha)



Uns acreditam que Deus escreve direito por linhas tortas, outros juram a pés juntos que há males que vêm por bem. E mais ou menos religiosos, todos têm razão. Voltar recambiados para o Senegal foi provavelmente a melhor coisa que nos podia ter acontecido em Rosso.

1º, porque as peripécias e pequenas irritações do último dia tinham deixado um sabor amargo no nosso paladar de memórias.

2º, porque Saint Louis recebeu-nos de braços abertos, abrindo caminho para a necessária reconciliação com o Senegal. O Sada convidou-nos para ficar à borla no quarto que ele ocupa na pensão. Conhecemos a Savannah, uma americana de chorar a rir que fala francês como os programas de tradução automática, e que nos levou a uma festa na Universidade de Saint Louis, onde outras dez americanas estudam e... digamos... trocam experiências culturais.

3º, porque nem sequer foi preciso voltar a Dakar para fazer os vistos. Ainda em Rosso, ligámos ao braço direito do Sr. Khaled, o Mohammedou, a explicar o que acontecera. Ele pôs a máquina a funcionar e menos de 24 horas depois, recebemos por e-mail a cópia de um fax desbotado, teoricamente “a solução de todos os nossos problemas”. A ver vamos, disse cada um para os seus botões, sem querer exteriorizar dúvidas. É que numa altura em que psicologicamente vamos bem avançados já a caminho de Lisboa, a última coisa que apetecia era ter de “dar um saltinho” a Dakar para tratar de papéis.

O fax desbotado não foi só “a solução de todos os nossos problemas”. Este milagre disfarçado de folha de papel A4 conseguiu proezas bem mais louváveis. Digamos que o dia em que tentámos pela segunda vez entrar na Mauritânia foi um dia diferente. O sol nasceu à hora prevista, mas mais brilhante que o costume. Resultado: as bouganvílias estavam mais coloridas que nunca, toda a gente sorria, a teranga estava no ar. As mulheres puseram as suas perucas mais bonitas, os pássaros cantaram músicas novas que ensaiavam secretamente há meses, as crianças riram-se mais alto ao ver passar bandos de borboletas. Uma brisa fresca rasgou o calor e causou arrepios a todos os que dormiam até mais tarde, despertando-os com um sorriso. Que dia lindo! ;)

Saímos para a gare e havia um sete place prestes a sair. Perguntámos-lhe o preço e ele atirou logo com a quantia certa, sem ser preciso regatear, evitando todo o drama que envolve tentar baixar o “preço de branco”.

Chegámos cedo a Rosso e atravessámos numa piroga que não teve de esperar por meia-África para sair. E ao desembarcarmos, ainda traumatizados com os acontecimentos recentes, qual não foi a surpresa ao darmos de caras com agentes da autoridade... sorridentes!

Mas o verdadeiro milagre estava para acontecer: a cópia do fax desbotado não só acendeu sorrisos em caras pouco habituadas, como quase provocou vénias e benditos-sejam. Desenrolaram-se tapetes vermelhos, apareceram pagens de corneta em punho, lançaram-se pétalas de rosas à nossa passagem. Até discursos foram feitos, lidos com intensidade ao som de tambores e aplausos, causando lágrimas nas vendedoras de peixe. E nem sequer tivémos de pagar 20€ pelo visto, como é previsto por lei.

Mas não nos queixámos. Chamem-lhe “vingançazinha”.

A nossa estrelinha pôs o Sr. Khaled, o Mohammedou e a ICAR no caminho desta viagem. Mas ainda hoje nos perguntamos como é que um homem de negócios com mil-assuntos para tratar, se dá ao trabalho de perder tempo com dois malucos que se montaram em duas pasteleiras até ao Senegal... só pelo prazer de ajudar a concretizar o projecto – e só porque gostou do espírito da coisa!

Ficámos uns dias em Nouakchott, muito bem acompanhados/apadrinhados/patrocinados pela ICAR, José Fachada e outros portugueses que trabalham aqui. Bebemos umas Sagres, tomamos a bica (Sical!), só faltou o bitoque. Não temos palavras, além de um óbvio Obrigado-com-O-maiúsculo, pela a forma como fomos recebidos.

E aqui estamos, em Nouâdhibou – de regresso ao “conforto do lar”. Entenda-se: a casa do Djallo, o nosso amigo guineense. O Joaquim voltou para o Algarve, foi pena o desencontro. E porque não há tempo a perder, vamos já embora para Marrocos. Damos um saltinho a Tarfaya, bebemos um chá em Guelmim e toca a andar, Inchalah.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Regresso a Rosso

Já não temos que arrumar o pesado estaminé em alforjas e sacos. Atingimos a condição de chique-travellers e agora “fazemos as malas”. Ok, não são bem malas – mas uns sacos desportivos de marca pirateada, bem rufias, que comprámos num mercado em Dakar.

Enchemos os “Welson” de tralha, memórias e blocos perfeitos de roupa engomada, até ficarem a rebentar pelas costuras e pelo fecho-eclair chinês, que se fecha dum lado e abre do outro – e assim nos despedimos de Dakar. Arrancámos para Saint Louis, para uma breve noite – a primeira de muitos “regressos” até Lisboa – e anulámos o negócio das bicicletas com o Sada, explicando-lhe o irrecusável Happy End da Mikelina e Penélope.

Siga para a Mauritânia.

Estava tudo calculado: partida ao final da manhã, autocarro para Rosso, fronteira ao princípio da tarde – muito antes da hora de fecho, às 18:00 – e depois um táxi até Nouâkchott, onde nos espera o Mohammedou. O Sr. Khaled fez questão de nos apoiar em todo trajecto da Mauritânia (somos chique-travellers ou não?).

Do plano à acção – eis o que aconteceu: na estação de autocarros de Saint Louis, decidimos ir num minibus em vez de nos espremermos num sete place. Parte quando? Tout suite, monsieur! Ainda é meio-dia... temos tempo… mas quanto? É que aqui o tempo não usa relógio – “já a seguir” é quando o autocarro encher.

Dos 15 lugares, supostamente só faltam 4. Não deve demorar.

Duas horas depois. Mudámos de ideias. O autocarro afinal só tinha dois ou três passageiros – fomos enganados. Decidimos ir num dos sete place que partem espremidos. Mas que partem a toda a hora. Pedimos o dinheiro de volta, explicando (mais uma vez) que tinhamos de estar em Rosso antes da fronteira fechar. “Non! Vous doit attendez, on vas partir tout suite!”

Pela primeira vez na viagem, puxámos pelos decibéis. A meio da discussão, já com azias de roubo, decidimos ir até às últimas consequências e chamar o Senhor Polícia que estava à entrada da estação.

“Senhor Polícia, pode ajudar-nos?”

“Bien sur!”

Vem connosco ao local do crime, reflete a ocorrência, pisca o olho aos amigos do autocarro e começa a disparar de sua justiça com gritos, perdigotos e uma cascata de suor na testa.

Tanto gritou, o Senhor Polícia, que pouco mais entendemos além de um categórico e irónico “C’est la concurrence! Le client est le roi”.

“Merci Sr. Polícia vous être trés gentil!”

Regra número 1: não sacar da nota antes do tempo; regra número 2: não pedir ajuda à polícia. Riram-se os senegaleses de nós, e nós de nós próprios. E como o nosso limite é de dinheiro e não de tempo, resolvemos não perder o que já tínhamos desembolsado – ou seja, tivemos de ficar à espera que o minibus enchesse.

Quase três horas depois, partimos. E uma vez que chegámos a Rosso muito depois das seis, ficámos a dormir num quarto alugado. Na manhã seguinte enfiámo-nos na primeira piroga para atravessar o rio para o outro lado da fronteira. Devoraram-nos os últimos Francos CFA – cada saco da Welson pagou por 4 passageiros – chique! Mas tínhamos a Mauritânia à vista, e estes últimos trocos não compensavam discussões matinais.

Adeus, Senegal!

Desembarcámos na Mauritânia de passaporte em punho.

“Le visa?”, perguntam-nos.

“On le fait ici!”

“C’est pas possible ici, seulement a Dakar.”

Sorriso amarelo. À vinda de Marrocos, tínhamos feito o visto na fronteira sem problemas. Começámos a calcular os euros que nos iam pedir. Taxas de urgência, impostos especiais, qualquer coisa do género. O esquema é sempre o mesmo: meter medo (para fazer o visto têm de voltar a Dakar), perder tempo, conferenciar muito, discutir, fumar um cigarro... e eis que um deles nos pede para o acompanhar.

Levou-nos para perto de uma pequena piroga... e quando achávamos que era a altura de sacar dos euros... toma lá os passaportes - ”vous retourner au Senegal!”.

Então e o suborno? Ó Senhor Guarda, um subornozinho nunca fez mal a ninguém. Tarde demais, a piroga já ia a meio do rio... de volta ao Senegal.

Chique-traveller sofre.

Penélope! Mikelina! Voltem! Já temos saudades vossas. Que arrogância, acreditarmos que a estrelinha estava connosco... afinal eram vocês!


(continua amanhã...)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

#14 - Dakar

Antes de qualquer consideraçao sobre o video desta semana, temos que fazer um agradecimento a uma pessoa muito especial. A Savannah é uma americana que conhecemos em Saint Louis, já no caminho de regresso a Lisboa. Porque encaixa numa data de ideias-feitas (preconceitos?) que normalmente temos dos americanos... mas por ter a rara capacidade de rir e gozar disso, foi uma das pessoas mais interessantes que conhecemos durante esta aventura. O agradecimento, porém, nao tem nada a ver com personalidades, preconceitos ou formas-de-estar-na-vida. O nosso obrigado é, digamos, musical - porque a banda sonora deste video é da exclusiva responsabilidade da Savannah. Foi ela quem propos as duas musicas que estao no video.

Quanto ao clip propriamente dito: tem algumas imagens de Dakar - como seria de esperar -, das comemoraçoes do dia de Portugal e da entrega das bicicletas à Etoile Lusitana; e é o primeiro, desde que saimos de Lisboa, a fazer um flashback de viagem. Achámos que este era o momento certo para ceder à nostalgia que já sentimos, de cada vez que vimos algum dos videos antigos.

Ao anonimo a quem um passarinho contou qualquer coisa sobre a entrada na Mauritania: é verdade, foi mais uma peripécia daquelas que ficam para sempre... afinal, nao é todos os dias que se fica "à porta" de um pais. Mas hoje temos o video da chegada a Dakar, que encerra a fase principal da viagem - e o regresso a Lisboa... começamos a contá-lo a partir de amanha.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Etoile Lusitana


10 de Junho, residência do Embaixador de Portugal em Dakar. 8 da noite, sopra uma brisa quente, o tilintar de copos confude-se com conversas em várias línguas. Celebra-se Portugal, Camões e as Comunidades.

Tudo começou com uma daquelas conversas típicas, copo de vinho branco numa mão, rissol de camarão na outra: o Filipe, amigo de um amigo nosso, ja tinha ouvido falar da viagem. Explicámos-lhe melhor o projecto, ele achou piada e ofereceu-se logo para ajudar no regresso a Lisboa. Queria dar-nos 300 euros... mas o projecto, explicámos – o projecto vive do “limite” que nós próprios impusémos.

(E depois de já termos declinado o convite de voltar de avião para Lisboa, a noite começava a revelar-se um tanto ou quanto frustrante – recusar ajudas em nome de um conceito...)

“A não ser”, disse o Carlos, “que queiras comprar as bicicletas e o equipamento. Iamos vendê-las a um amigo de Saint Louis, para ele alugá-las a estrangeiros...”

“...mas a tua oferta cobre a dele”, acrescentou o Jorge, “e podes fazer o que quiseres com as bicicletas.”

Estão a ver aquelas lâmpadas que aparecem a brilhar em cima da cabeça das pessoas, nos desenhos animados? O Filipe tem uma dessas!

Estrelinhas e lâmpadas à parte, vejam lá a coincidência: existe em Dakar uma escola de futebol chamada Etoile Lusitana, tutelada pelo Luís Norton de Matos e com a “benção” do José Mourinho. Um projecto arrojado, que vive de um sonho e da vontade enorme de o ver realizado – onde é que já ouvimos isto?

O Norton de Matos gostou da ideia do Filipe, combinámos assistir ao segundo jogo de Portugal todos juntos – e numa bela tarde solarenga, embalados em mais uma convincente vitória da Selecção Nacional, acertámos os detalhes desta delicada operação: a transferência de propriedade da Mikelina e da Penélope.

Na manhã seguinte, montámos nas bicicletas pela última vez. Atravessámos a cidade que durante tanto tempo era apenas um sonho. Bem real, agora: todos os cheiros, todos os sons, a confusão, o calor. Chegámos ao Estádio Leopold Sagor a suar em bica e um bocado cansados... mas satisfeitos com o que nos esperava.

O treino matinal da Etoile Lusitana tinha acabado e o Luís Norton de Matos estava à conversa com os futebolistas, que não faziam ideia do que ia acontecer. E então o Mister explicou: dois amigos portugueses tinham vindo de Lisboa com duas bicicletas (aplausos e vivas), e a escola tinha comprado as ditas, para as sortear entre os rapazes (gargalhadas, gritos de alegria, saltos de euforia).

E assim foi. O Filipe trouxe um saco com os nomes dos 43 jovens futebolistas – o presidente do clube tirou dois, à sorte, e leu-os. E o resto é o que se pode imaginar. Dois sortudos passam a vir para os treinos de bicicleta. Não há palavras.

Lá vão elas: a Mikelina e a Penélope, os capacetes, as alforjas e todo o equipamento incluído, no primeiro dia do resto das suas vidas. Esperemos que as tratem bem, vamos ter saudades das nossas meninas.

Fizemos 4000km juntos – 2200 a pedalar. Dormiram connosco nas tendas, partilharam ansiedades e alegrias, atravessaram 4 fronteiras, viram tudo o que nós vimos. Viajaram em cima de camiões, no porão de barcos e em pequenas pirogas. Não se queixaram muito – aliás, quase nada. Tantas foram as profecias, tantas as desgraças anunciadas, mas aguentaram-se.

Muitas pessoas que nos acompanham não sabem disto – e não queríamos tocar neste assunto até chegar a Dakar – mas no início da viagem houve alguém que lançou uma sondagem num fórum de BTT, e que basicamente punha em causa a qualidade das nossas meninas. 52% por cento, salvo erro, votou que nem à fronteira com Espanha chegavam.

Hoje podemos afirmar, com um sorriso que tem tanto de orgulho como de nostalgia, que a Penélope e a Mikelina passaram o teste com distinção. A contabilidade final de “amuos” fica-se em 6 furos (sendo que 4 foram nos últimos 3 dias), alguns raios partidos, substituição dos rolamentos e algumas afinações. Nada de especial.

Chegaram cansadas a Dakar – mas chegaram a rolar. E com um sorriso daqueles que ninguém pode tirar. Sim, são bicicletas de supermercado. Mas provaram que é possível realizar muito com poucos recursos. E é esse o nosso objectivo.


quarta-feira, 18 de junho de 2008



Será que é preciso comentar esta?

Dak'Art, a Bienal de Arte Contemporanea de Dakar.


Turistas por um dia.
O amor na Ilha de Goree.





Preparativos para a recepcao do 10 de Junho.


terça-feira, 17 de junho de 2008



Os baobas, ou aqui entre nos: os embondeiros que tanto se fala no Principezinho.

3000 euros, uma Televisao (nao tem de ser LCD) e um Telemovel.





Lac Rose


Olha o Cristiano!