Mal atravessámos a fronteira da Mauritânia, a paisagem mudou radicalmente. É verdade que continuamos no deserto, mas as casas, as pessoas e todo o ambiente se transformou. Este país foi uma revelação: primeiro, porque estávamos à espera que fosse muito “próximo” de Marrocos, e encontrámos aqui um primeiro travo a África; depois, porque se num primeiro contacto as pessoas parecem um pouco distantes, à medida que se fica mais tempo começam-se a reconhecer amigos por todo o lado. Ficámos em Nouadhibou quase até ao limite do nosso visto, aproveitámos para viajar no Maior Comboio do Mundo, e quando começámos a descer em direcção ao Senegal, já estávamos a fazer contas com o tempo, os quilómetros e o dinheiro. De Nouakchott, a capital, pedalámos contra o vento e o tempo, e se chegámos à fronteira do Senegal ainda com o visto válido, foi porque no último dia apanhámos boleia de um italiano louco, o Fabriccio.
Curiosidade: 30km a sul de Nouakchott, parámos na berma da estrada para descansar um pouco, antes do último “esticanço” do dia. Como ficámos à conversa com uma família na sua mercearia, ouvindo as mulheres a cantar e as crianças que saltavam, jogavam à bola e dançavam “à Michael Jackson”, acabámos por ficar ali a dormir. O chefe da família queria convidar-nos para a o seu terraço, mas como precisávamos mesmo de sair cedo e avançar no dia seguinte, declinámos. Por isso cedeu-nos um espaço ao pé da estrada, uma espécie de “galinheiro” vazio, com areia apenas, onde enfiámos as bicicletas, montámos as tendas e dormimos.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
de Nouadibhou a Rosso
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
de Laayoune ao cruzamento de Dakhla
Mais deserto! Depois de três semanas parados em Tarfaya, retomámos a nossa descida com destino a Dakar. Parámos uns dias em Foum Al Oued, uma praia perto de Laayoune, e depois pedalámos até ao Cabo Bojador… onde, em vão, procurámos pelo Adamastor. Desta pequena e esquecida cidade, apanhámos uma boleia com o Camião Mais Lento do Sahara, que nos levou até à Mauritânia.
Curiosidade: as horas passadas no posto de controlo à saída de Boujdour, enquanto um dos polícias nos tentava arranjar uma boleia de camião, foram inesquecíveis. Pelo inesperado, pelo que rimos, pelo que desesperámos… e até pelas “sestas” que fizemos, como mostram as fotografias.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
de Tan Tan a Tarfaya
O Sahara, finalmente! Areia, camelos, um vazio enorme na paisagem à nossa volta, lixo à beira da estrada. De Guelmim apanhámos um autocarro para Tan Tan, onde dormimos na pensão mais mal-cheirosa de todo o Sahara. Daí arrancámos para um passeio de três dias de bicicleta, a caminho de Tarfaya, a terra onde viveu Antoine de Saint-Exupery, o autor de “O Principezinho”. Equipados com um lenço tuaregue, muita água e uma vontade enorme de conquistar este deserto, ainda parámos uma noite no parque Nacional de Khenifiss.
Curiosidade: estas fotos são bons exemplos do que era o nosso dia-a-dia de campista selvagem. Além de momentos como o Carlos a desmontar as alforjas, temos ainda o Jorge a tomar o pequeno-almoço, com a sua caneca de alumínio (também é bem visível o fogareiro para aquecer o café, com a panela de água em cima). Outro “apanhado” é o Jorge a lavar os dentes, à beira da estrada.