Parte 3 (de 3)
Bienvenu a Dakar
Desde o Terreiro do Paço que fantasiávamos sobre Dakar - sobre o Momento da Chegada. Um placard enorme a dizer “Bienvenu a Dakar Jorge e Carlos!”, duas meninas no pódio a dar-nos um beijo nas bochechas vermelhas, champagne e uma chuva de confettis com as cores de Portugal.
Mas não: entrar em Dakar foi como fazer Cacém-Lisboa em hora de ponta, numa espécie de IC19 com tiques de Feira da Ladra, por duas faixas esburacadas e um tubo de escape roto enfiado nas narinas. O calor e o chinfrim de buzinadelas foram-nos abananando, e enquanto Dakar ficava mais perto, recordámos os bons tempos em que nos esparramávamos em enormes almofadas, horas a fio a ver oxigenar copinhos de chá.
Parámos numa bomba de gasolina, comprámos água gelada e rimos com o nosso estado. Tínhamos saído do Lac Rose impecáveis, com vários banhos tomados. Atravessámos o lago de piroga, para não fazer grandes esforços. Este era o grande dia - estava tudo pensado: banda sonora de Vangelis, uns planos fixes dos dois a pedalar, uma contagem decrescente com os km, e no fim uma corrida, com o tal placard de boas-vindas... acabava-se o fairplay (tudo simulado, claro), e era ver quem chegava primeiro.
Decidimos esquecer todas as fantasias. O Momento da Chegada... vamos recordar de outra maneira. Os dois a rir de cansaço, a pedalar freneticamente entre pequenos autocarros apinhados de gente, a desviar-nos de tudo o que se atravessava a nossa frente. Os braços com uma camada nova de sujidade, os olhos a arder, a garganta a arranhar, as narinas em fogo... o que é que interessa o Momento da Chegada?
Sim: já chegámos – e mesmo a tempo de ver Portugal jogar com a Turquia. Mas antes do jogo era preciso encontrar o sitio onde iamos ficar a dormir. E agora... a surpresa de que falávamos.
E que surpresa!
De repente, o nosso mundo de gordura e nódoas cobre-se dum branco tão alvo, cheiroso e desinfectado que quase ofusca. Depois de 3 meses e meio num assumido estado semi-selvagem, aterrámos na imaculada e protocolar residência do Embaixador de Portugal em Dakar!
Os pormenores de como fomos parar a casa do Sr. Embaixador ficam para outra historia. O importante hoje é agradecer a extrema hospitalidade com que fomos recebidos: convidados sem quaisquer reservas, por telefone - e recebidos de braços abertos. Ficámos para o Dia de Portugal, trocámos historias de viagem, aprendemos com a larga cultura e a experiencia de vida do nosso anfitrião. E ainda fizemos contactos muito importantes para o desenrolar deste nosso projecto.
Mas cada coisa a seu tempo, e hoje ficamos por aqui.
A estrelinha cintilou alto e resolveu fechar a viagem com chave de ouro. Mas falta o regresso. E falta conhecer o destino das nossas meninas - não se preocupem, que ficaram em boas mãos.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Vamos por partes
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5 comentários:
Caros aventureiros viajantes,
Os meus aplausos são fortes e com muitos BRAVOS. Só me recordam os viajantes que esta NAÇÃO teve há quinhentos anos e que merecem infinito orgulho.
maria crítica
Hoje , dia de Santo António de Lisboa recebemos a notícia do final feliz da vossa viagem.
Nada é por acaso !
Então ao chegar... as ''mordomias''...
Será que o Eng. já enviou um dos ''Falcon'' para vos trazer de volta???
Curioso por saber como regressarão com os bolsos ''lisos''!!!...
Aí não ficarão por certo!!!
Os meus sinceros Parabéns!
A R
PARABENS POR TUDO! pela coragem, pelo esforço e aventura. Sem duvida nao podia ser melhor... (com o sr embaixador...) k cena!!! lol.... Muito bem, a estrelinha nunca falha....
Bom regresso. E estarei sempre de olhos postos no blog!.
Abraço
OMO_MAKINA
Somos um país pequenino... mas de grandes feitos !!!
Abraços para os dois e tb para o Sr. Embaixador....
007
Nota: deixem as biclas em boas mãos!!!
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