Dez de Março: o dia em que atravessámos o Parque Nacional de Doñana, pela praia, prometia ser um dos mais complicados da viagem. Na noite anterior à espectacular e arriscada façanha, fomos com a Astrid e o Ricky a um bar de Matalascañas, onde vários novos-amigos nos avisaram:
Só se pode passar na maré vazia!
Há algas escorregadias!
Rochas a tapar o caminho!
Areias movediças!
(e outros perigos e Adamastores.)
Guardámos mapas com palavras sublinhadas, cruzinhas e círculos desenhados. Fomos ao Google Earth e mostraram-nos as partes mais críticas do trajecto, bem como o lugar onde deveríamos esperar pelo ferry, para atravessar o rio Guadalquivir, a sul de Doñana. Do outro lado ficava Sanlucar de Barrameda, onde voltávamos a ter estrada. Guardámos o número do telemóvel do barqueiro, só por precaução. Consultámos na internet as tabelas de marés, vimos as previsões do tempo, do estado do mar e da direcção e força do vento. Preparámo-nos para a eventualidade de demorarmos o dia todo a atravessar o Parque, e até brincámos com a hipótese de não conseguirmos fazer o percurso num só dia. Por causa das marés. Pedalar na areia não é pêra-doce: e se tivéssemos de empurrar as bicicletas? E se a maré subisse e nos obrigasse a parar várias horas? E se as autoridades nos apanhassem a acampar? Não se pode montar tenda no Parque Natural de Doñana!
“Espera-nos um dia lixado”, concordámos.
by Jorge
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Espera-nos um dia lixado